agosto 11, 2010

Ele não prestou muita atenção em meus movimentos. Ergui a vista e contemplei suas feições com segurança como se ele se houvesse transformado em uma pedra. Sua fronte, que outrora me parecia tão viril e que eu achava agora tão diabólica, estava velada por sombria nuvem. Seus olhos de basilisco mostravam-se quase extintos pela insônia, pelas lágrimas talvez, pois seus olhos aindam estavam umidos. Os lábios, donde o feroz sarcasmo havia desaparecido, conservavam-se cerrados, em uma expressão de indizível tristeza. Se se tratasse de outra criatura, teria coberto meu rosto diante de tanto pesar. Mas no caso dele, sentia-me satisfeita, e, por mais ignóbil que pareça insultar um inimigo caido, não podia de perder aquela oportunidade de lhe arremeçar um dardo. Seus momentos de fraqueza eram os únicos em que eu podia experimentar a delícia de pagar o mal com o mal.

O Morro Dos Ventos Uivantes, pag. 213 - paragrafo 3.

Nenhum comentário:

Postar um comentário